Um ano se passou e quase nada mudou


Há exatamente um ano a população ribeirinha dos vales dos rios Mundaú, Cana Brava, Paraíba, Canhoto etc, citando apenas o caso de Alagoas, estavam inquietas em suas residências procurando formas de retirar seus pertences de suas casas, por conta da possibilidade, já real de uma enchente, só não se sabia, nem imaginava, que ela fosse tão devastadora quanto foi. As pessoas que não moram às margens dos rios também estavam inquietas, umas procurando ajudar, outras no auge da curiosidade querendo saber, e ver, até onde ia o nível das águas.
Por volta das 16h30, o veredicto: quem não tirar seus pertences perderá tudo. Esse era o pensamento dos moradores que, a cada segundo, viam as águas se aproximarem. Neste momento caminhões começam a encostar-se às ruas, a solidariedade reapareceu, e surgiam de todos os lados geladeiras, TVs, camas, colchões, animais, pessoas tudo sendo colocados em alguns caminhões sem rumo certo, alguns conseguiram salvá-los, outros, nem tanto, desleixo ou azar, agilidade ou sorte; ainda não se sabe o que levou uns a salvar seus móveis e outros a perdê-los.
Por volta 19h celulares, energia, água... Já eram sentidas essas faltas, e já era perceptível o nível a que as águas chegariam, as faces estavam boquiabertas e as falas eram em uníssono “não acredito que a água chegou aqui”. As escolas passaram a servir de refúgio, mas a esperança mesmo era de, no dia seguinte, poder voltar a suas casas para lavar e reorganizar os móveis novamente naquele local.
A situação não foi bem essa. A água demorou a baixar e quando baixou, em alguns casos, só deixou seu rastro e a memória para contar a História. Em tempos de Copa do Mundo a energia faltou durante uns cinco dias, menos para quem colocou gerador; água em alguns locais demorou um mês para chegar (Rocha Cavalcanti); produtos eram vendidos, absurdamente, acima do preço; pessoas morreram; e a lama, nas casas que ficaram em pé, demorou muito tempo para sair o mau cheiro. A devastação social ainda hoje é perceptível, é só lembrar que as pessoas ainda estão nos acampamentos.
E falando nisso, é bom lembrar às autoridades competentes que as pessoas continuam morando em condições sub-humanas, a lama continua entrando nas “casas” nos acampamentos que, diga-se de passagem, são inóspitos. O local escolhido para a construção no novo bairro já foi invadido pelas águas de 2011. E aí o que fazer? Quando estas pessoas receberão suas casas? Será que só os atingidos irão receber ou terá algum ajeitado político-eleitoreiro em cada chave? Temos que arrumar uma medida para verificar e fiscalizar as entregas e, principalmente, os cadastros. Comissões foram criadas, mas poucas ações foram implementadas, vai ver falta nelas alguém que sofreu na pele a fúria das águas do rio Mundaú.

Espero que está demora não seja traduzida em constantes buscas por verbas Federais, sem aplicações efetivas no local; e nem decretos de situação de emergência para que os municípios possam comprar à vontade sem utilizar dos trâmites legais de Licitação.







Sérgio Rogério
ACORDA UNIÃO

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