Meu nome não é Johnny e receio que seu nome também não seja.
Mas o rapaz morto a tiros por um homem fardado na capital das Alagoas chamava-se Johnny. O crime aconteceu num bairro violento da 3ª capital mais violenta do país. As desculpas para o homicídio conseguem ser mais fantasiosas que Harry Potter. Contudo, o bruxo britânico resolve tudo por mágica, e nem mágica apagaria a cota de três homicídios por dia da capital de nosso Estado. O governo já pediu socorro (!) para garantir a segurança de seu eleitorado – ops, de seu povo bem amado -, mas a situação continua de mal a pior: escolas são pontos de tráfico e consumo de drogas, casas de família são palcos para o espetáculo da morte, bairros pobres tornam-se cenários perfeitos para chacinas cruéis e desumanas. No bairro onde o jovem foi morto, por exemplo, já aconteceram vários tiroteios entre homens de farda e homens de gangues, sem nenhum envolvido ser preso ou morto. Aparentemente as balas só encontram gente inocente.
Todo esse medo, toda essa tensão, toda essa insegurança ainda nos fará – espero eu – ignorar uma certa atriz global que aparece com um sorriso mecânico na televisão nos mostrando as maravilhas que nosso governo fez para nós. Nesse dia, então, nos daremos conta dos vários descasos cometidos contra nós mesmos e veremos que, honestamente, nunca se fez tanto para se tirar a vida das pessoas em Alagoas.
Então, embora meu nome não seja Johnny, o caráter fúnebre do texto deve-se ao fato de que se continuarmos de braços cruzados, não importam que nome tenham, outros jovens ocuparão o lugar de Johnny, serão engolidos pelo descaso e pela profunda negligência.
Tarcísio José !
Letras - UFAL