Semana passada fui à UFAL por ocasião da disciplina que curso, como aluno especial, na turma de mestrado do Centro de Educação daquela instituição. Ao sair da aula às 17h55, eis que um amigo meu, Wellington (wicca), esperava-me e disse:
- Sell, (é assim que alguns me chamam) vamos tomar sopa no R.U.? (Restaurante Universitário).
- Vou nada, vou embora, tenho que ir para UNEAL ainda. Disse.
Mas ele me convenceu. Ao entrar no R.U. um filme passou pela minha cabeça e percebi que o lugar já não era mais o mesmo dos tempos daquele(este) aspirante a sociólogo: 2001, 2002... As paredes já têm outra tinta, as bandejas são outras, agora tem pratos, os talheres, os banheiros, as filas, as mesas... Mas as caras, essas são as mesmas, as caras dos estudantes que chegam dos seus "interiores" para tomar aquela sopa de R$1,00. A cada colher de sopa quente que adentrava na minha boca, uma lembrança saía de minha cabeça fria.
E uma dessas lembranças foi a de que alguns estudantes não tinham o dinheiro da sopa, e mais uma vez percebi que isso continua assim, só que acentuado por outro motivo. Lembrei que à época não pagávamos quantia nenhuma para chegar à UFAL e demais instituições de ensino localizadas na capital, vejo que R$ 22,00 por semana equivale a 22 pratos de sopa, que é igual aos 22 dias letivos do mês, ou seja, a cada mês de passagem paga deixa-se de tomar sopa no RU por quatro meses.
Caso a nossa realidade fosse contrária, ou seja, se não pagássemos (os estudantes) nada ninguém deixaria de estudar, ninguém deixaria de descer da Serra da Barriga para adquirir conhecimento científico às margens da BR 104, ninguém trancaria o curso por estar desempregado, pois junto aos R$22,00 reais pagos pela passagem têm a "sopa", as cópias, os livros etc.
Outra lembrança que veio foi a das lutas travadas pelos estudantes, o que ajudou a resistir durante quatro anos à imposição do pagamento. Sei que agora as lutas são outras e não mais as mesmas do início do famigerado cadastro socioeconômico instituído pela secretaria de educação à época.
Concluo esta fase nostálgica alertando que nem tudo está perdido, mas para isso não piorar temos que ficar atentos para que, além do dinheiro da sopa dos 22 dias letivos, não vá embora também o dinheiro da "sopa" dos sábados e domingos com as previsíveis possibilidades de aumento da passagem. Dialogar com a prefeitura e a empresa é sempre possível, o Enfrentamento, também! Ah! que saudades do R.U.
Fotos: http://canutufal.blogspot.comSérgio Rogério
ACORDA UNIÃO
3 comentários:
que maravilha, acordar numa segunda-feira (chata como todas) e poder ler um texto bacana. melhor é poder lembrar de um "trio de matutos" (junto a mais três garotas) tomavam sopa e discutiam seus planos de dominação do mundo. como dizem os saudosos "bons tempos, velhos tempo...". brigado sérgio (sell ou céu, como eu pensava que era...) por fazer com que boas lembranças voltassem á minha cabeça. beijos e abraços pra você, edjane, madalena, patricia e mario bispo.
Que produção textual emocionante!!
Pois é Zema, e seu comentário me remeteu a outros pensamentos bons também da época. As nossa conversas (os seis) de loucos revolucionários ai, ai. E o sel, Céu, Sell pode ser de qualquer jeito.
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