EU PODERIA NÃO DIZER ESTAS PALAVRAS...

José Minervino Neto*

minervino84@hotmail.com

Branquinha, 19/06/2008

Eu sou aluno da Universidade Estadual de Alagoas. Eu poderia não dizer estas palavras. Afinal, as opções são muitas e só podemos escolher algumas. Há momentos em que nem alternativas temos. E por quê? Nossas vidas são curtas demais ou apressadas demais? Parece que as duas coisas. Mesmo assim, consegui ser aluno da Uneal em União dos Palmares, onde tenho aprendido muito no convívio com as pessoas desta instituição. Entretanto, isto não aconteceria se inexistisse a Uneal na “Terra da Liberdade”.

As circunstâncias são determinantes à vida de qualquer pessoa, ninguém obtém ou alcança algo do acaso, até as coincidências são circunstanciais.

A Uneal é a instituição maior do ensino superior na Zona da Mata Alagoana. Desde os tempos de Fundação (Funesa) vem transformando, aos poucos e silenciosamente, a mentalidade de pessoas que passaram, passam e passarão por esta academia. A Uneal permite que as camadas populares tenham acesso pleno ao ensino superior público, sobretudo por se instalar no interior do estado, historicamente segregado dos grandes centros urbanos. Aqui, o filho do pobre pode sonhar mais ambiciosamente.

Contudo, desejam ceifar os sonhos desses meninos e meninas, dessas mulheres e homens que hoje fazem a Uneal. Querem nos impedir de mudar nosso contexto social, reduzindo ao mínimo nossas alternativas de vida ou anulando-as. “Eles” sabem mais do que nós da relevância e do papel transformador de uma instituição de ensino superior.

O Campus V possui dois cursos regulares, Letras e Geografia, e mais três cursos de caráter especial, sendo quatro turmas de Pedagogia, uma de Matemática e uma de Ciências Biológicas no Programa Especial para Graduação de Professores (PGP), contém ainda um curso de especialização na área das Letras. É pouco. Poderá ser menos que isso num futuro próximo. “Eles” não são tolos... Manter e ampliar o que temos dependerá da nossa posição diante, vejam só, desta circunstância. Se nos acomodarmos regressaremos gradativamente do patamar de universidade ao de fundação, e daí a menos, menos... Se nos mobilizarmos e lutarmos eu não sei o que acontecerá depois. É claro, há objetivos almejados, porém não podemos afirmar sobre o desconhecido. Em todo caso, o combate é preferível a passividade.

Nossa luta já começou: fomos à Câmara Municipal de União dos Palmares várias vezes, ouvimos e nos fizemos ouvir pelo prefeito atual, fechamos a rodovia, nos juntamos com outros companheiros de Uneal em Maceió em manifestação à frente da sede do governo do estado, estivemos na Assembléia Legislativa, fizemos greve. Pouco, foi feito muito pouco. Muito professores, cientes de sua dignidade, foram embora da Uneal; decerto, outros intentam o mesmo, pois não há condições de trabalho satisfatórias, dentre outras coisas, como pessoal de apoio, concurso para contratação de professores efetivos etc. E sabemos o porquê e quem são os causadores disto: “Eles”?, sim, e nós também. “Nós” acadêmicos, “Nós” povo da Zona da Mata, “Nós” alagoanos, “Nós” herdeiros do legado de Zumbi. “Nós” mesmos.

Eu sou aluno da Universidade Estadual de Alagoas. Eu poderia não dizer estas palavras. Afinal, eu já sou graduado (é, gente, estou na minha segunda graduação!). Mas, porque sou cidadão alagoano, porque sou eu mesmo, me sinto e luto (como posso) pela Uneal. Não quero ter remorsos futuramente.

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* Graduado em História pela Ufal e acadêmico de Letras na Uneal, no Campus V de União dos Palmares.

O ABRAÇO GIGANTE


Queridos amigos(as)

Companheiros(as) de caminhada:

Quem viveu os últimos 40 anos em União dos Palmares, recorda do abraço de um gigante, ele, o nosso Dom (Donaldo), que com seus braços enormes e mãos de gigante nos acolhia, na casa paroquial, na Igreja ou onde encontrara os filhos de Santa Maria Madalena. Com muita saudade partilho com vocês estas boas lembranças que vivemos em nossa querida União, durante o tempo em que o Padre Donaldo viveu conosco: tempo de graça, tempo de benção... Que este abraço gigante, agora seja acolhido no abraço trinitário, e nós palmarinos possamos guardar conosco o amável e doce lembrança de tudo o que este sacerdote representa para União dos Palmares. Guardo uma lembrança em especial, durante toda essa minha vida, ainda não encontrei alguém que na noite de Vigília pascoal, entoasse harmoniosamente o canto de proclamação da Páscoa(exuto). Pois, então os convido a rezarmos por seu feliz descanso e que possamos nos despedir de sua presença nesta terra com nosso canto, nosso abraço, que a soma de muitos será um abraço gigante.

com carinho

Pe. Ednaldo, OMI

Poesia Alagoana

O fragmento da poesia de Cyridião Durval Nunca esteve tão atual dando para retratar União dos Palmares. "Terra da Liberdade"

Ave Libertas!

* Cyridião Durval


Partam-se os ferros que prendem
O sentimento e a razão,
Renegados os que vendem
sem pudor o próprio irmão!
Fora este monstro tartáreo
Que estende um negro sudário
Entre o presente e o por vir!
Sejamos um povo forte,
Vençamos ´té mesmo a morte,
Se a pátria tanto exigir!
[...]

Mas, nós, homens do presente,
Não queremos sangue, não!
Queremos livrar somente
Os mártires da escravidão;
[...]

Queremos a liberdade...
[...]

* Faz parte dos autores do Arcadismo e Romantismo alagoano. É considerado o maior poeta de sua época.

Eu vi e você? (Parte III)



E continuarei vendo!




Vi câmara se articular para presidente mudar e tudo na mesma continuar;

Vi vereador apenas bocejar e parabéns mandar;

Vi vereador se aperriar e os meus amigos ameaçar e pressionar;

Vi vereador endoidar, gritar, estapear e chantajear;

Vi vereadora ser processada pela verdade falar;


E os terrenos, com esgoto a céu aberto ficar!!!





Vi candidato (sem querer) se afastar para não ficar sem lugar;

Vi secretariado mudar, para parte da oposição calar;

Vi gente apanhar e por isto mesmo ficar;

Vi a imprensa mudar e só elogiar! Por que será???


E os terrenos... Não vou nem contar!!!